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It’s my birthday

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Ontem foi o meu aniversário, 30 anos. Espero que 1/3 da minha vida.
Por esta altura colocamos muitas vezes a vida em perspectiva. Enquanto crescíamos esta era a idade com que os nossos pais nos tinham tido, era a idade dos nossos professores, das pessoas que já tinham a sua vida decidida e no meu ver que já não tinham decisões para tomar. Muitas pessoas ficam deprimidas porque os 30 eram aquele marco em que já teriam comprado a sua casa, casado talvez, ou teriam o seu primeiro filho. Aos 30 já seríamos adultos!

Nunca tive os 30 como um marco porque consoante a idade foi avançando nunca deixei de me sentir uma miúda, muitas vezes tímida e que não se leva a sério.

 

Não pensei estar aqui hoje, mas também não me imaginava a trabalhar num escritório. Enquanto cresci fui desejando ter inúmeras profissões, mas nunca quis trabalhar das 9 às 6. Quis ser veterinária, actriz, hospedeira, repórter de guerra,... fui seguindo um caminho que era fácil para mim, que foi natural e por ter ido parar a áreas que gosto muito como moda e perfumaria seletiva, diverti-me e continuei! Até ver que estava a deixar o meu sonho de conhecer o mundo para trás, e se são os sonhos que nos tem a nós, como diz este vídeo que eu adoro, e eu sempre fui uma miúda bem mandada tinha que fazer o que este sonho me dizia.

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Para mim os anos não se medem em anos mas em ações, o ano de 2016 foi um ano estúpido, lembro-me de conversar com amigos num jantar de natal sobre o que esse ano nos tinha trazido e todos concordamos que tinha sido muito irrelevante. (Claro que houve o Pokémon Go, mas tirando isso nada de mais) Fui tentando marcar os anos pelas coisas que fiz. Aos 17 entrei para a universidade, aos 20 fui para Barcelona sozinha, aos 21 o caminho de Santiago, aos 22 voltei de vez, aos 24 fiz uma pós-gradução, aos 25 sai da Salsa que me ensinou tanto, aos 26 fomos a fundo na AZ experiências, aos 27 conheci o Ivo, aos 28 abracei um projeto de voluntariado criado por mim e pela Mel e envolvi amigos e clientes, aos 29 consolidar a viagem e começar e aos 30 a realidade. Passaram 5 meses e agora falta quase tanto para voltar a casa como o tempo que já passou.

Repito os anos não se medem em anos mas em ações, em experiências, medem-se no número de vezes que ficamos com um enorme aperto no estômago e saímos da nossa zona de conforto, medem-se nos riscos que tomamos, nas palpitações aceleradas, nos beijos demorados e abraços apertados, medem-se nos jantares prolongados e nas conversas sem sentido, medem-se nos afetos que damos aos outros, nos sorrisos que partilhamos, nas vezes que fazemos alguém rir, medem-se na alegria de comprar um presente sem motivo para alguém que amamos, medem-se nas lágrimas que nos ensinam que a vida é única, que o nosso coração está a pulsar, nas chamadas à distância para saber aquelas notícias tão boas. E é por isso que digo que espero ter vivido até agora apenas 1/3 da minha vida.

Houve tempos em que quis medir os anos em países visitados, por cada ano um novo país, mas a viagem ensinou-me a viajar devagar. A contar as experiências que me ficam gravadas e não os países, aprendi a usufruir de um sítio novo onde me sinto em casa como Antigua, a fintar a tradição e a loucura em Nova Orleães, descobrir novas formas de entretenimento como quando ficamos 15 dias em Aurora, a superar-me como a subida ao Acatenango, a ver a vida em pleno numa praia da Nicarágua, a chorar de emoção ao ver as tartarugas a desovar, ou rir com os macacos de Tikal, a pensar em quão agradecida estou ao António por nos ter ajudado a desenterrar o carro, a recordar outras experiências de viagens passadas como as aulas de culinária ao meu palato com a maravilhosa comida do Rio de Janeiro, as caminhadas lentas para entrar nas água da Croácia ja que as pedras pareciam agulhas nos pés, comer um bolo de chocolate em Amesterdão e achar que nunca conseguiria chegar ao hotel, rir para sempre com dois miúdos em Veneza que até para comerem um gelado tinham que estar na fila e gritam: turísti maledetti, a descobrir Paris sozinha nalgumas viagens de trabalho, a ver a vida nos anos 50 ao viajar a Cuba e tantas outras....
Outro dia lia um texto do que muito admiro Filipe Morato Gomes sobre contar países e fiquei com esta frase na cabeça: Mas que fique claro: uma pessoa que já esteve em 50 países não é necessariamente mais viajada do que outra que esteve em apenas 20. E como o Filipe eu também admiro quem volta aos lugares. Voltar a um lugar é coragem, com tanto mundo para ver, sentir que temos que voltar ali é algo único. (O meu país para voltar será sempre o Brasil)

Muitas vezes ouvimos  devíamos ter feito está viagem mais cedo, que agora tínhamos que estar a trabalhar, que não temos idade para estas coisas, já estamos nos 30 caramba! Mas se tivéssemos feito isto mais cedo teríamos tido este vagar na viagem? Teríamos valorizado as pequenas coisas como valorizamos agora? Ou iríamos atrás de uma festa sem olhar nos olhos das crianças e tentar ficar com um bocadinho do seu entendimento simples da vida? O nosso momento é agora! E temos ainda tanto para viver. Ah, estou tão feliz com estes 30 cheios de incertezas, de dúvidas, de decisões por tomar, cheios de magia por podermos abrir um novo caderno no regresso e escrever uma nova história juntos, o Ivo e eu.

Aos 30 continuo a ver-me como a miúda de 10 que mudou de turma e que morria de medo de ir para a escola dos grandes, ou a de 20, determinada, que foi para Barcelona e que chorava por se sentir sozinha mas que não voltaria até poder chamar a essa cidade de casa. Aos 30 ainda não me levo a sério, ainda quero ser a menina do papá, a irma mais nova da Mel, o baby da mummy, a chorona dos meus amigos, não há idade para deixar de receber mimo e ainda bem que vos tenho a todos. Porque mesmo longe recebi o vosso carinho delicioso.

Obrigada, estes são os 30 que eu queria, mesmo sem saber!

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