E chegou o dia em que tínhamos que sair da Guatemala. Adoramos o pais, as suas pessoas, o tempo. Foi difícil. Combinamos que íamos sair muito cedo porque queríamos passar 3 fronteiras num só dia. Não íamos parar em El Salvador nem Honduras devido às notícias e avisos de amigos sobre o quão perigoso é. De facto, também não tínhamos visto algo que quiséssemos mesmo visitar nestes países e a Nicarágua chamava por nós.
Em Antigua ficamos hospedados no Hostal Antigueno, dormíamos no Mamute mas usávamos as instalações do hotel e tínhamos direito a pequeno-almoço. A cozinha era ótima e até jantamos por lá duas vezes. fizemos uns amigos portugueses com quem subimos ao vulcão Acatenango. Eles ainda iam ficar mais uns dias, e no dia antes da nossa saída chegou ao hostel o casal do projeto It’s not a Slow car it’s a fast house, do qual já falamos. Sentimo-nos em casa, com amigos.
No dia da partida acordamos cedo para tomar pequeno-almoço, mas estávamos entre amigos e eram 11h00 quando finalmente conseguimos dizer adeus a todos e despedirmo-nos. Custou mas lá fomos. Antes já tínhamos mudado o trajeto, íamos mesmo parar em El Salvador apesar de tudo o que diziam. El Tunco tinha incríveis praias onde era possível surfar.
Conduzimos uma hora para chegar à primeira fronteira. Estradas ok, com alguns camiões. Passamos a fila dos camiões em sentido contrário e chegamos. Foi fácil o processo. Íamos munidos de cópias. Mas ao sair da Guatemala esquecemo-nos de cancelar a importação do carro e tivemos que voltar para trás. Demoramos por isso mais uma hora na fronteira.
No El Salvador não é preciso seguro e depois de ter o papel do carro foi só seguir.
Os países da América central dão um visto de 90 dias para todos, por isso não carimbam o passaporte quando entramos num novo. Apenas verificam que ainda é válido.
Lemos que El Salvador tinha das melhores estradas da América central e Sul. Não ficamos desiludidos. Íamos por uma estrada junto à costa e apesar de avançarmos lentamente por causa das curvas, conseguíamos avançar a um ritmo regular. Eram 4 da tarde quando chegamos a El Tunco, mesmo antes de anoitecer. Agendamos uma aula de surf para a manhã seguinte, cozinhamos e dormimos com o som do mar.
Ficamos em El Salvador duas noites. Depois do surf, já era tarde para seguir, tínhamos a missão de sair de El Salvador, passar Honduras e entrar na Nicarágua.
No dia seguinte ainda não eram 7 da manhã e já estávamos na estrada. Fomos parados pela polícia a pouco mais de 50km. Apenas controlo polícial. Estas estradas são usadas para o tráfico de droga, daí estarem constantemente a ser vigiadas. Demoramos 4 horas até à fronteira. Eram 11h00 quando chegamos às Honduras. Tínhamos voltado a ser parados, desta vez por militares que adoraram o que andávamos a fazer e não paravam de fazer perguntas.
Nestas fronteiras é comum ver guias que tentam ajudar os estrangeiros, como falamos espanhol recusamos, eles insistem e nós recusamos uma e outra vez. Pedimos para irem tirar cópias de um documento de saída do carro de El Salvador, pagamos 5€ por 4 cópias.
Avançamos para as Honduras, ninguém quer saber da Duna. Preenchem-nos os papéis, pagamos 30€, mais uma cópia e podemos seguir. Nas Honduras segundo o GPS devemos demorar umas 3 horas. Mas começam a surgir obras na estrada e engarrafamentos. Nós só queremos chegar à Nicarágua. Depois de passar as zonas mais habitadas, entramos numa estrada no meio da floresta em muitas más condições. Demoramos 2 horas pra fazer 30 quilómetros. Pelo meio crianças e adolescentes tentem que paremos o carro. Seguimos sempre. Tinhamos lido para nunca, nunca parar o carro. Sabemos que vamos chegar à Nicarágua com o pôr-do-sol e o pior é que lemos que esta era uma das piores fronteiras porque como estão a tentar controlar a criminalidade e o tráfico de droga fazem imensas perguntas. Sabíamos de casos de pessoas que demoraram 4 horas.
Chegamos sem incidentes, temos que fumigar o carro uma vez mais, e pagar. A Duna tem que ser vista por um veterinário, e temos que pagar. Carimbamos os passaportes, umas 3 perguntas não mais e vamos para que nos revistem o veículo. Dizem que temos que tirar a roupa e tudo o que temos de lá de dentro para passar nas máquinas de raios X. Impossível, porque não temos mala. Esquecem o assunto. Damos entrada do carro, e já é de noite. Perguntamos se podemos conduzir de noite. Todos orgulhosos: dizem que sim, que as estradas são boas e que não há criminalidade. Arriscamos e chegamos a León às 9 da noite. As estradas estão boas, mas sem luz e com pouca sinalização vamos sempre um bocado mais devagar.
Mas conseguimos, duas fronteiras num dia. Estamos a ficar experts nestes processos.