Dizem que o estado de Yucatán é o mais seguro. Depois de deixar Villahermosa e o estado de Tabasco começamos a ver mais polícia na estrada, com um sorriso no rosto. Ao entrar em Yucatán somos parados, pergunta-nos para onde vamos e até se certificam que o nosso GPS nos envia pelo caminho certo.
Tivemos que parar numa praia, a nossa primeira praia em mais de 2 meses. Água quente.
Chegamos à casa do Pedro e começamos com o pé direito. O Pedro leva-nos para uma festa de anos onde comemos tipicamente à mexicanos. Ele até fica surpreendido. Com o garfo comemos a massa, com a mão separamos a carne em pedaços mais pequenos que enrolamos nas tortilhas de milho, antes mergulhadas no molho picante. Pelo meio ainda damos umas trincas num chili abanero, dizem que é o segundo mais picante do mundo. As lágrimas inundam-nos os olhos, nada que uma cerveja não resolva.
Saímos da festa e o Pedro tem outra festa de um familiar. Dizemos que preferimos descansar um bocado. Ele sai e regressa duas horas mais tarde para nos ir buscar para um novo convívio. Vamos ver a luta de boxe entre um lutador mexicano e o capeão do mundo. Levamos cerveja e acabamos a noite a cantar karaoke.
O Pedro é um conhecedor de história, mas acima de tudo é um curioso. Prolongamo-nos a "platicar”, ou a falar. Falamos muito sobre política, corrupção, sobre interesses. Conta-nos que já recebeu couchsurfers de imensos países, e que adora beber a informação deles. Dá-nos a teoria de porque é que os povos de países frios são muito mais produtivos do que os povos de países mais quentes: eles só têm 6 meses para cultivar as suas coisas, se atrasam um dia podem deitar tudo a perder. Ri-mos quando nos diz que conheceu um italiano que foi morar para a Nova Zelandia e que lá era tudo tão perfeito que se aborrecia não poder falar mal de nada e que acabou por sair do país.
No dia seguinte saímos já um pouco tarde, e fomos para Campeche. Uma pequena vila de estilo medieval.
De lá partimos para Mérida, de onde nos movimentaríamos para conhecer mais algumas maravilhas locais. Yucatán é berço de culturas milenares, mas támbem marcado por uma natureza luxuriante. Como Sisal, uma pequena vila piscatória, com água quente e que parece parada no tempo. É perfeita para um mergulho e, se for época, para ver os flamingos a sobrevoar a zona.
Ao redor de Mérida encontram-se ainda muitas ruínas Mayas. Quisemos ir ver a Casa das Sete Bonecas, e descobrimos a magia deste povo e o conhecimento que tinham de toda a astronomia. Os sacerdotes/astrónomos ficavam perto das suas pirâmides para avaliar os fenómenos, e cada fenómeno como um eclipse siginificava altura de mudança. Muitas vezes os Mayas partiam para outro lado e tapavam as pirâmides que tinham construído por respeito aos deuses. Se voltassem novamente, voltavam a construir. Quando os europeus chegaram já havia uma profecia de que daí em diante todos seriam escravos, animais, humanos, até as palavras.
Homun surpreendeu-nos. A península de Yucatán está repleta de cenotes e nós que tínhamos ficado desiludidos com o que vimos perto da Casa das Sete Bonecas, falamos com o Ivan, couchsurfer que nos recebeu em Mérida. Ele recomendou-nos passar aqui. Depois até chegar ao nosso guia foi fácil . Falaremos dele noutro post. Cenotes são conexões entre a superfície e áreas alagadas subterrâneas. As águas dos cenotes geralmente são límpidas, porque esta provem de filtragem de água de chuva lentamente através do solo e, portanto, contém poucas partículas. Os Mayas acreditavam que a água dos cenotes estava purificada. É água que se infiltra da chuva e depois os cenotes estão todos ligados entre eles culminando no mar.
Há uma profecia Maya que diz que quando toda a água do mundo terminar, haverá apenas um cenote com água e aí teremos que sacrificar a vida de um filho para termos água. Por isso devemos ser conscientes com o seu uso.
Nesse mesmo dia partimos para Izamal, um puebla mágico de Yucatán. Conhecido por vila amarela, e por um local onde podemos ver três culturas em simultâneo. Pirâmides Mayas, um convento colonial e o dia-a-dia de uma vila movimentada, com o seu mercado e povo hospitaleiro. Dormimos por ali e acordamos com a banda da polícia a hastear a bandeira. Arriba México!